F-35      US Air Force / Ministerie van Defensie, CC0, via Wikimedia Commons      
Tecnologia Militar / Rússia


Sistema ameaçador


F-35 e caças da Otan podem perder sua vantagem de furtividade com novo radar bistático russo


 Por: Gabriela Ramos 
 Em 6/21/2021 

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F-35
US Air Force / Ministerie van Defensie, CC0, via Wikimedia Commons

Em um possível conflito futuro, o radar russo Struna-1 promete ameaçar significativamente as aeronaves furtivas da Otan. Especula-se que o sistema será introduzido em Moscou.

O radar bistático Struna-1, desenvolvido pela NNIIRT (uma divisão da Almaz-Antey), é um dos mais inovadores sistemas, dentre os vários já anunciados como “stealth kill”. O Struna-1 foi originalmente desenvolvido em 1999, e uma versão avançada denominada Barrier-E foi apresentada para exportação na MAKS 2007, e novamente no MAKS 2017, apesar de não constar no catálogo online da Almaz-Antey.

A denominação “bistático” se dá pelo fato de que o receptor e o transmissor do radar são posicionados em locais distintos, diferentemente dos radares convencionais, que localizam o receptor e o transmissor no mesmo ponto. Nos radares convencionais há, portanto, uma limitação em razão da quarta lei de potência inversa.

Conforme o alvo do radar vai se afastando da fonte de transmissão, o sinal do radar diminui. A detecção de um radar funciona recebendo reflexos de sinal e, em um radar convencional, o sinal é recebido quatro vezes mais fraco do que o enviado. Sendo assim, o stealth funciona porque, à distância, a aeronave pode reduzir seus retornos de radar, espalhando-os e absorvendo-os com materiais que absorvem a radiação. Assim, o radar não consegue rastrear ou distinguir informações sobre essas aeronaves.

Com a distância entre o transmissor e o receptor no Struna-1, esse problema se resolve. Dessa forma, o radar se torna mais sensível. Fontes russas afirmam que essa configuração aumenta o radar cross section (RCS) de um alvo em quase três vezes e os materiais antirradar, que servem para espalhar ondas de rádio, perdem a efetividade. Assim, não apenas aeronaves furtivas serão detectadas, mas também outros objetos com baixo RCS, como mísseis de cruzeiro e asas-deltas.

Apesar das variações, o intervalo máximo de distância entre duas torres individuais é de 50 km, o que leva a um perímetro máximo de 500 km. O consumo de energia das torres individuais é relativamente baixo e são menos vulneráveis a armas antirradiação, já que não emitem tanta energia quanto os radares convencionais.

Além disso, as torres são móveis, o que permite uma vantagem em conflitos, podendo ser implantada em diversos locais. As torres se comunicam entre si através de dados de micro-ondas e contam com uma estação centralizada de monitoramento, que pode ser posicionada a distâncias significativas. Também por operar em localizações distintas, o sistema é capaz de continuar operando caso um nó caia, mesmo que com menor precisão.

O sistema também é capaz de detectar alvos a baixas altitudes, já que a altura das torres é de apenas 25 metros. Essa é outra vantagem do Struna-1, já que os radares convencionais também têm dificuldade de revelar alvos em baixas altitudes. Contudo, a desvantagem decorrente é que a altitude máxima de detecção também é baixa. A detecção máxima é de 7 km no ponto mais alto, e o alcance diminui conforme a aproximação das torres. Uma outra desvantagem é a dimensão transversal da zona de detecção, que também acaba sendo limitada, alcançando de 1,5 km perto das torres a 12 km no ponto óptimo entre as torres.

Por conta dessas desvantagens, o Struna-1 não substituirá os radares tradicionais como mecanismo de busca geral. Ele também não funcionará como um radar de mira e não poderá guiar mísseis superfície-ar, por causa de sua incapacidade de fornecer iluminação de radar constante rastreando um alvo. Mas ainda assim, por conseguir detectar as aeronaves furtivas, será uma boa contrapartida para outros sistemas de radar de banda mais longa.

Dessa forma, o Struna-1 não irá representar o definitivo fim da tecnologia stealth, mas poderá representar uma ameaça significativa para as aeronaves furtivas da Otan, em um possível conflito no futuro. As aeronaves furtivas destinadas ao ataque podem ficar vulneráveis à medida que precisem realizar perfis de voos que acabem levando-as até áreas onde o Struna-1 possa detectá-las. Além disso, há outros sistemas de detecção de stealth que, atuando em conjunto com o Struna-1, poderão ser decisivos ao fornecerem informações sobre posição e movimento das aeronaves furtivas.
Gabriela Ramos
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